Por um Punhado de Euros!

A Rua da Graça ao fim de semana torna-se impraticável. Dada a amplitude dos passeios e a quantidade de gente que por ali passa, facilmente corremos o risco de ser abalroados por um Guarda-Freios mais apressado ou então pisar uma perna gangrenosa exibida orgulhosamente por um pedinte a fim de receber mais uns cêntimos. Outra característica da Rua da Graça é a quantidade de mendigos, sem abrigos, vendedores ambulantes e às vezes Amola-Tesouras com as suas famosas gaitas.

Com a abertura das fronteiras da Europa, é fácil encontrarmos emigrantes de Leste a desempenharem actividades que até há bem pouco tempo eram realizadas por portugueses castiços, como por exemplo a venda de Bolas de Berlim nas praias algarvias. Nunca ouviram um ucraniano a anunciar
“Búollôj do Berline”!?
É agradável ao ouvido…

Este episódio é só mais um exemplo disso.

Pois bem, a caminho de casa após umas compras no Pingo Doce, ou Inô (para os mais conservadores), reparo que um transeunte deixa cair uma nota de 10€. Avanço rapidamente para a nota, porém ao mesmo tempo, um vendedor do Almanaque Borda D’Água (histórica publicação portuguesa) de nacionalidade moldava, tem exactamente a mesma reacção que eu…Instala-se o silêncio…Olhos nos Olhos…Olhos na Nota…

Tensão! Drama! Dúvida!

Quem iria ficar com a nota?

Eis que sou surpreendido pela solução encontrada pelo moldavo que me diz: “Dividir!Dividir!” E estende a palma da sua mão com o total de 5€, criteriosamente apresentados de forma decrescente. Completamente sem reacção, aceito o negócio.

Após a transacção ser concretizada, com um sorriso nos lábios o vendedor do Almanaque Borda D’Água ainda me diz, piscando o olho:

“Agúora pôde ir bêbêr uma Café…”