quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Longo Caminho

O Papel higiénico é um tipo de papel fino (ou não) utilizado na limpeza íntima, após a evacuação. É importante (e a meu indispensável) que este utensílio de extrema utilidade seja branco. A cor alva permite fazer a inspecção pós-evacuação, no sentido de nos certificarmos que não existem resíduos indesejados que provocam a selagem da roupa interior.

Mas como o progresso é uma coisa linda, há já algum tempo, encontra-se a ser comercializado papel higiénico às cores. As cores disponíveis são do mais chic e trendy possíveis: Chic Noir; Verde Zen, Laranja Electrizante ou Fuschia Feérico.

Ao ler as pequenas considerações sobre estes papéis coloridos, fui surpreendido com as seguintes frases:

“Ambientes “Puro e Luminoso Branco” mediterrânicos, ou ambientes “Profundo Breu”, suspirando por Nova Iorque adoram Renova Black. Perfeito.”

“Guarneça com 2 rolos de Renova Orange Higiénico e envolva com uma Nabcast Chillout que o seu Nabaztag toca para si et voilá! A receita perfeita para conquistar juventude interior.”

“Relembre aquele apaixonado fim-de-semana no México, luxuosamente guarnecido do mais nobre turco aveludado vermelho escarlate, uma banheira cheia de Spa Lights, o seu Renova Red higiénico e muuuito romance no ar. A parceria perfeita!”

Papel higiénico como elixir da juventude? Passo um fim-de-semana no México e coisa que relembro com mais carinho foi aquela ida à casa-da-banho (no dia em que estive de diarreia por causa dos tacos e das enchiladas) onde o papel higiénico era Laranja?

Estamos a falar de fezes e do sempre elegante acto de limpar o rabo…Independentemente da cor do papel, já pensaram na figura que fazemos enquanto limpamos o rabo? Aquele olhar de soslaio para o papel que acabou de passar pelo canal da mancha...É patético, mas necessário. Mas se estivermos a utilizar o rolo Chic Noir, de nada nos vale esse olhar...

Desde os tempos em que se utilizavam folhas de alface ou sabugos de milho para limpar o rabo, percorreu-se um longo caminho. Um longo caminho…

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Bar do Senhor

A Igreja Católica não pára de me surpreender. A paróquia de Monte Real engendrou um mecanismo pop para colocar os fiéis a cantar os salmos em uníssono.

Farto de missas que mais se assemelhavam às manhãs do mercado do Bulhão, o pároco de Monte Real recorreu à tecnologia, mais propriamente ao Karaoke. Muniu as paredes da igreja com plasmas de alta de definição e a febre de sábado à noite tem continuidade no domingo de manhã.

Esta medida irreverente pode modificar a Igreja de Monte Real, pois os habitantes que gostam de sair à noite podem confundir as missas de domingo de manhã, com o after-hours de algum baile dançante. Assim, a ideia de ter um segurança à porta, no sentido de fazer a triagem entre as beatas e os ébrios, pode não ser tão descabida quanto isso.

O Karaoke na Igreja pode aproximar o profano negócio da noite com as sagradas missas dominicais: ao Sound System e aos Seguranças, juntemos-lhe o dress-code, a guest list e a distribuição de flyers. As manhãs de domingo nunca mais serão as mesmas em Monte Real.

O Genuflexório seria almofadado e teria uma parte em napa, o Ostensório substituído por uma bola de espelhos com imagens litúrgicas e o título honorífico do Sr. Padre seria actualizado para MC.

A Casa do Senhor é agora...o Bar do Senhor.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Paz













Neste frenesim Natalício, quando os sms's e mails se disparam mecanicamente (em que eu não sou excepção), quando a essência desta época é por todos conhecida mas não assimilada, aproveito o post do mano Alcides que deixa bem viva a subtil mensagem do que realmente importa. Paz.


Nestes dias, mas acima de tudo em todos os restantes do ano onde não há uma "obrigação" em nos lembrarmos (ou melhor, que acaba por ser um frenesim por parecer mal esquecermo-nos de alguém), que em vez de desejarmos um "Bom Natal" digamos algo que soe a "que estejas em paz".

Nem que seja através “daquele” sorriso contagioso ao sair da água.


Um Santo Natal, um "planeta" de sorrisos, muita paz para todos.






terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Sonhadores

Sintam a paz desta curta metragem...
Absolutamente fabulosa.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Georgios Kyriacos Panayiotou

É Natal…Iluminam-se as ruas, ecoam nas ruas os cânticos de Natal e o George Michael reaparece nas rádios. Não porque perpetrou mais um escândalo sexual num qualquer lavabo americano, mas porque compôs uma cantiga intemporal: “Last Christmas”. Atrevo-me a dizer que esta música está para as músicas de Natal como o “Sozinho em Casa” está para as noites de consoada.

É uma época repleta de hipocrisia, em que subitamente há um interesse sobre aquelas pessoas que dormem na rua (negligenciadas durante 364 dias) e o consumismo aumenta substancialmente. As notícias repetitivas que contabilizam o número de sms’s enviados, em detrimento do tradicional postal, escrito à mão, assolam os telejornais.

Os comerciantes antecipam os saldos de Janeiro, aumentando o endividamento familiar com a aquisição de consolas, telemóveis, ipods e outros gadgets, cujo pagamento pode ser feito em suaves prestações, com créditos com taxas de juros bastante competitivas…na ordem dos 30%.

Esquece-se que mês de Janeiro tem 31 dias e a chegada do fim mês é uma miragem…mas não faz mal porque sobram sempre Mon-Cherris e Ferreros Rocher.

Não me interpretem mal, pois gosto imenso do Natal. Gosto de ver a minha sobrinha sorrir com a história do Pai Natal (desconhecendo que o senhor já é sénior e devia estar a descansar, mas em tempos de crise um part-time dá sempre jeito) e gosto do seu entusiasmo no momento da abertura dos presentes.

O meu Pai Natal é um tipo chamado Luís, que mora em Almada, faz tiro-com-arco e trabalha no Bad Bones, ali no Bairro Alto…e “deu-me” o meu presente há cerca de duas semanas. Demorou quase duas horas a faze-la.

Termino estas linhas desejando aos três leitores do Coisas Simples um Natal cheio de bombons Lindt, que são os melhores.




* - para os que ficam a pensar no título deste texto, adianto-vos que é o verdadeiro nome senhor gosta de amar nos WC.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

A culpa é dos Réclames.

A nossa sociedade é tremendamente machista. Basta considerarmos a seguinte dicotomia: um homem que dormir muitas mulheres é habituamente apelidado de Casanova ou D.Juan, ao passo que se uma mulher dormir com muitos homens é uma galdéria ou uma meretriz. A forma como a nossa sociedade se comporta é machista e isso é incontornável.

As mulheres ganham em média menos 17% do que os homens e só uma em cada 40 mulheres pode vir a ocupar um cargo de chefia, ao contrário dos homens, em que a relação é de um para oito.

Contudo, julgo que a descriminação da Mulher irá sempre ocorrer enquanto a Publicidade existir e continuar a explorar a Mulher e o corpo da Mulher. Se não vejamos, há uns anos trás para fazerem publicidade de uma manteiga, expuseram uma Mulher a banhar-se nua numa lagoa...Eu pergunto: o que é que pão com manteiga tem que ver com mamas e rabos desnudados? Bom, não sei...

Outro exemplo de que a publicidade é inimiga da igualdade entre homens e mulheres é o anúncio da Água do Luso: anúncio que não é mais que um fragmento de striptease, onde se vê uma jovem de belas sinuosidades a bebendo água, vestindo apenas umas cuecas e com o cabelo a tapar-lhe os seios...Se o intuito era ficar com água na boa, conseguiram...

Não obstante é um anúncio machista.

O último exemplo é o do detergente para a loiça. Andam as mulheres a lutar para que os seus maridos/namorados as ajudem (muito) mais nas tarefas domésticas, quando algum wise guy se lembra de algo que provavelmente foi pensado para se escapar à lavagem de pratos, copos, panelas e talheres: um detergente que contém uma espécie de creme para as mãos que ajuda a proteger a pele das mãos.

É que com este detergente a mulher já não tem desculpa para não lavar a loiça. Acabem mas é com os réclames e deixem as mulheres descansarem.

Mas só depois de lavar a loiça.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Coisas Simples(mente fantásticas): Os Amigos

Partilho convosco um mail que recebi de um Amigo...A minha banda sonora foi o Bonga com: "Tenho uma lágrima no canto do olho."

"Boas manão

Primeiro que tudo sorry (anglicismo) por ainda não te ter dito nada mesmo tendo lido de corrida o post em que soube teres amantes canadianas, as noticias vão chegando por vias “seguras” e a malta parece que acaba por saber que está tudo bem e é como se em sintonia já tivesse mostrado a preocupação e recebido resposta. Não é a mesma coisa, eu sei, mas parece que a sintonia é mais forte.

Não costumo enviar este tipo de mails (não ouvi com som, não vá isso deturpar o sentimento), mas para mim este mostra mais que uma simples mensagem de mails, de som, de imagens. Na sequência do post no Coisas acerca do Obama, este foi daqueles que (para além da cultura geral que se adquire), me fez parar e acreditar que a esperança a existir só poderia ter como base uma ligação deste tipo, ser a base de um mundo melhor. De todos e para todos. A perceber os vários cantos dum planeta redondo.

Ao vê-lo fiquei a absorver, a pensar, a recordar tantos momentos de sorrisos, e às tantas olhei à volta e lembrei-me que até tinha um mundo assim no nosso seio de amigos. Que dá importância àquilo que verdadeiramente importa, pra quem tudo nesta vida faz parte, que dá importância aos pormenores.

E às tantas veio-me a tua imagem naquele dia lá em casa com cara mágica a dizer “estava ver estas fotos todas da malta…”, “…o nosso grupo…”, “…tantos momentos de sorrisos…”. Tu sabes como é.

Pois é, não sei se as adversidades dos gigantes do poder e dos que alimentam o poder deixarão voar quem tem todas as condições para o fazer da melhor forma, sabemos que nada disto é simples, e que para obter um mundo melhor se precisa mudar muita coisa.

Mas de uma coisa tenho a certeza meu mano, com os nossos tentáculos que levamos a tantos cantos vamos fazendo de forma natural a nossa parte, por meio de pormenores que são a nossa verdadeira maneira de ser. E quanto a um mundo melhor… sinto-me feliz, porque por mais pequeno que seja nós já temos um.

Grande abraço"