Essa Dica é Bué Malaika!

A Igreja estava repleta.
Os pais dos noivos no altar.
Os noivos ajoelhados.
Eu, suava em bica.

Na véspera do casamento, com a ajuda da minha amiga que tem nome da localidade onde morava Jesus (Nazaré…ali para os lados de Valado dos Frades, já que era um menino do Restelo porque nasceu em Belém) ensaiamos a leitura do Salmo.

O medo de cometer uma Gaffe era muito grande e a única coisa que me atormentava era aquilo a que chamo de uma “Vogal Afro”. Passo a explicar com um exemplo concreto: a eventualidade da palavra Caminho sair Cáminho ou então a palavra Senhor sair Sénhor... Por mais Europeizado que possa estar “aquele mambo de bumbo tá sempre na área madjé”.

Correu bem. A Vogal Afro não saiu, mas o momento que se seguiu não o vou esquecer tão cedo! Foi o mais próximo que estive de Deus. No fim do salmo, digo: A palavra do Senhor…e a Igreja em uníssono responde Ámen. Foi algo episcopal.

Na saída do púlpito, em direcção ao lugar onde me encontrava anteriormente, o Tony Ramos (o noivo) fazia-me sinais de luzes com os olhos, para não me esquecer de me benzer e de fazer a vénia ao Salvador. A vénia não passou de uma simulação de uma Cabeçada à Cais do Sodré, como se dissesse: “Qué que queres pá???”. Quanto à bênção, foi pior a emenda que o cimento... benzo-me com a mão esquerda. O pai da noiva, abanava a cabeça em sinal de desaprovação…

No final, os noivos disseram ambos que Sim, as alianças serviram e a comida estava boa.