sexta-feira, 4 de maio de 2007

Retórica

Nós, enquanto seres que convivem em sociedade temos uma série de hábitos e comportamentos, sendo que muitos deles são realizados de forma automática como um reflexo desenvolvido através da associação de momentos agradáveis ou menos agradáveis e em algumas situações nem sequer pensamos: agimos de imediato, originando aquilo que gostaria de chamar: Reflexo Condicionado. Uma teoria minha. Se bem que já ouvi um tal de Pavlov (acho que é um jogador russo que actua no Beira-Mar) a dizer que tinha sido ele a inventar esta teoria que tem a ver com cães, sinos e rosbife.

Refiro-me às perguntas do género: “Já chegaste?”, “Já acordaste?”, “Então, estás por cá?”

Consideremos o seguinte exemplo: Está um grupo de amigos na praia, entretanto chegam mais duas pessoas que estavam atrasadas. A primeira questão que colocam é: “Já chegaram?”. Agora digam-me se não têm vontade de responder: “Não, de facto ainda não chegamos…Como está transito na Nacional n.º 1, decidimos abandonar a viatura, e como está uma temperatura de 40º C e estamos a necessitar de perder uns quilitos, resolvemos fazer um jogging até à praia, mas não se preocupem que estamos mesmo, mesmo a chegar!!!”

O que nos leva às perguntas retóricas, que se trata de um tipo de enunciado interrogativo através do qual o locutor não interroga senão ficticiamente, sem esperar uma resposta informativa, sendo portanto desprovido da exigência de resposta, como quando cumprimentamos alguém e questionamos: “Tudo bem?”

Quantos de nós espera por uma resposta negativa…Poucos… E quando essa resposta negativa é dada, será que temos paciência para saber o motivo pelo qual a pessoa não está bem? A resposta é não.

Por alturas da Festa da Moita, eu e a minha amiga Psicóloga, fizemos a experiência e o resultado foi desastroso. Efectivamente as pessoas perguntam se está tudo bem, porém não querem saber se a minha unha encravada ainda me faz coxear, se estou com problemas intestinais que fazem ter uma diarreia ininterrupta e ter que usar Halibut, se a minha micose no meio dos dedos dos pés já passou. Não! Perguntam se está tudo bem e quando vais para responder já viraram costas…

Assim, quando perguntarem se está tudo bem, é apenas necessário fazerem um compasso de espera, porque podem estar diante de uma pessoa que necessita de desabafar…Ou não.

2 comentários:

Anónimo disse...

Pronto... mano, sintonia maior é impossivel...

Acordei eu hoje a pensar algo muito semelhante, e comecei a ler hoje o teu post e fiquei naquela, "ai queres ver..."

Porque hoje lembrei-me daquele toquezinho que se dá, e que assenta mesmo nisto.

Quem é que ainda não deu aquela pressãozinha (dahh..) no restaurante estilo "então, a comida está quase não está?". Opah... mas que resposta é que esperam dum empregado que quer manter o seu posto de trabalho?

Alguma vez ele vai dizer algo do género "Ó sôra, para lhe ser sincero leva só mais mais meia-hora porque apareceram os primos do patrão e os bifes foram pra eles, que foi exacatamente a altura em que que lhe disse que tinham acabado os bifes. Depois quando optou pela alheira, o Tó por engano tirou as tripas da arca, e aquela porra caiu ao chão enquanto ele ía arrear o clhau ao WC, e só a meio do processo de as apanhar do meio das "morcelas" do nosso canito e de as lavar e pôr a fritar é que percebeu o engano. Mas agora já tá a fritar a alheira, e como até tava cá o nosso primo Manel carôcho, dissémos logo pra ser ele a fazer, porque por acaso o coitadinho até tá com um mau aspecto do pior e isto anima o rapaz e tudo. Veja lá o azar dele que tá com uma infecção qualquer e tá a espirrar que nem um maluco, eu nem entro lá dentro, mas ele é mesmo Pro e tem aquilo prontinho num instante. Por falar nisso tenho de ir lá dentro levar os guardanapos pra ele limpar o pús das borbulhas... volto já, é um instantinho."

Resposta óbvia se ainda lá estivessem: "E croquetes, há?"

E isto é um exemplo, se eu começo a fazer filmes com os "As doses são bem servidas, não são?", "O peixe é mesmo fresquinho, não é?", "É tudo feito no carvão, correcto?", "O serviço é rápido, certo? é que tou com pressa...", ou o célebre jantar estilo chinês "Isto é o quê mesmo?" cujo desfecho já imaginam qual poderá ser... mais vale ficar caladinho, que isto tá apipocar eventuais hipóteses alternativas, lol... quieto sergei, quieto...

PS: Alcides, por isto é que eu dizia que não posso postar aqui...porque isto vai e vai, e vai... é sempre estilo acção/reacção, se coiso e tal podes é "raptar" os comments e colar nos posts, hehehe :P


Abração, S do P do ock

Anónimo disse...

Mano não poderia deixar de relembrar tambem algumas das frases que mais me tiram do serio e que me levam a recitar coisas do genero "Vai passear seu Sacana", "Maroto" e "Meu granda Traquina", refiro-me a expressões como "...tomar banho e não tomar..." ou "...comer e não comer..." ou ainda "...vestir e não vestir...". Agora digam-me como ira um pais destes para a frente se mais de 50% da população portuguesa tem inumeras indecisões como estas...

Um enorme Abraço
"Tony Ramos"