Quando a Mary tombou no chão da sala, o barulho ouviu no prédio todo. Não era (e friso o pretérito do verbo, porque actualmente É) uma figura delgada, logo, o estrondo foi alarmante.
Éramos cinco lá em casa. Eu era o único rapaz, mas nem por isso o elo mais forte. Era nitidamente uma sociedade matriarcal, aquela em que eu vivia em Castelo Branco.
Mas no dia do apagão (chamemos-lhe assim) da Mary, todas elas desataram a chorar ao vê-la no chão a revirar os olhos, como que se em transe. Confesso que ver a Mary no chão, só com o branco dos olhos à mostra, meteu-me um bocadinho de medo e também me apeteceu chorar…
Bateram à porta do meu quarto para acudir a pobre aveirense, no entanto a dificuldade em pronunciar duas sílabas revelou-se um entrave à comunicação. Dirigi-me à sala e parecia que estava perante Emily Rose do filme o Exorcista. A Mary estava a experienciar uma convulsão, causada por má alimentação, uma noite de copos com muitos lasers e poucas horas de sono.
A Mary ia e vinha deste Mundo para o outro…Aproveitei para lhe dar umas boas bofetadas (em sinal de vingança mesquinha por me desmontar a cama e meter açúcar nos lençóis) mas sempre com o intuito de a reanimar…Soube tão bem!!É então que a vejo a enrolar a língua. Pensei: bem, ela vai engolir a língua e estamos livres desta matraca! Mas as minhas colegas (Natas, Luísa e Sónia) disseram-me que podia ser perigoso. Tive a infeliz ideia de colocar os dedos na boca na sua boca…
Aquilo que eu via como uma convulsão, transformou-se num acto de puro canibalismo. Por muito pouco, não ficava sem indicador e anelar…Mas revelou-se eficaz.
Enquanto os bombeiros não chegavam, aproveitamos todos para descarregar algum stress escolar, esbofeteando a pobre Mary, que de vez em quando abria os olhos e lançava-nos um olhar assustador. Uma coisa realmente estranha...
O mesmo não aconteceu quando acordou e viu três bombeiros à sua volta. Subitamente, o olhar que anteriormente era sinistro e ameaçador desaparecera por completo, dando lugar a um olhar de luxúria, lascívia e sensualidade…
Os bombeiros estranharam, mas depois houve até um deles que deu o n.º de telefone à Mary. Foi chão que não deu uvas.
Nesse ano lectivo, teve mais uma schlik e desde então tem passado bastante bem.
A Mary vive actualmente nos States e nos dias de folga vai ver espectáculos da Ana Malhoa.
terça-feira, 19 de junho de 2007
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2 comentários:
Hi Broda..
Adorei o tributo aki 'a menina dos teus olhos.
Com que entao ouviu-se o estrondo pelo predio???????? LOL...
Ai Broda, embora tenha dado esses schlikes nem imaginas como soube bem aquela dentadinha!!! Ai as saudades matam... nao vejo o dia de te voltar a abracar...
Beijao,
Your cissta Mary
Às vezes é bom chorar...a rir! Obrigada por não deixares apagar as boas recordações albicastrenses...
Ana Luísa
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