Há os muito em voga GPS, que entre outras funcionalidades nos permitem agora acordar de ressaca, entrar no carro e ir quase sem olhar para a estrada a receber indicações certeiras que nos levam direitinhos ao destino pretendido, sem praticamente termos de esforçar os neurónios nessas manhãs penosas ao raciocínio. Maravilhoso, muito útil, e até aqui sem queixas.
Mas depois existem os detalhes que não são tão agradáveis, e que são supostamente gerados somente em equipamentos deste tipo, resultado da programação e tecnologia em si. Pensava eu… Dá-se por vezes aquela situação de seguirmos um rumo alternativo ignorando as indicações dadas e em que o GPS automaticamente redefine automaticamente o melhor caminho alternativo. “Vire à direita daqui a 100m, à direita daqui a 50m, vire à direita, à direita, à direita…” …Ignoramos… “Siga em frente, agora siga em frente, agora… siga em frente”. JÁ PERCEBI!!! Ou seja, às vezes parece que encravam.
Foi neste ponto que me apercebi que afinal tenho amigos que já trazem de origem equipamento semelhante, que são dotados de um “radar” semelhante ao do GPS, mas que tal como nos GPS, chamemos-lhe Tech, também trazem uma espécie de “bug” que os faz encravar. Sucedeu aqui há uns tempos, numa vinda da praia, e em que às tantas o grupo faminto se dividiu por dois carros. Num dos veículos seguiam dois amigos com equipamento GPS a bordo, sendo que no meu seguia eu e o Master Alcides, que a partir daquele dia percebi estar equipado com o tal… GPS Humano.
Sou habitualmente fraco em orientação, é uma questão de paciência, admito, e nesse momento percebi que seria uma viagem maravilhosamente calma de fazer com base no GPS Humano que ía a meu lado. “Maravilha”, pensei eu. Seguíamos atrás do veículo equipado com GPS Tech, e desde logo percebi que o GPS Humano levava clara vantagem dadas as indicações aparentemente conhecedoras que o Master Alcides ía esboçando, com algumas indicações a serem acompanhadas com os braços acenando fora do vidro. “Epah, não era ali!”. “É na outra, na outra, na outraaaaaa”. “Contorna e vira para o outro lado, para o outro laaaaaadooooooo!!!”. Clara vantagem na orientação, mas associada ao “bug” que fazia com que metade de Lisboa percebesse que andávamos meio desorientados. Mas até aqui tudo bem.
Depois percebi que afinal esse não era o único “bug”, e que o GPS Humano também encravava sob o efeito da fome. Às tantas o GPS Humano dá a indicação “vira aqui há direita”, e entra no “bug” anteriormente reportado do GPS Tech: “aqui há o melhor bolo de chocolate do mundo, aqui há o melhor bolo de chocolate do mundo aqui há… aqui há…”, salivo de fome mas ignoro a indicação e sigo caminho, ao que o GPS Humano redefine a indicação: “…ali comem-se uns hambúrgueres maravilhosos, ali comem-se uns hambúrgueres maravilhosos, ali comem-se uns…”. Bug, claramente.
Concluí que quer sejam Tech ou Humanos, todo o tipo de equipamentos GPS têm vantagens associadas a inevitáveis bugs. Confesso que desde que adquiri o meu GPS Tech, que sinto falta do detalhe humano quando sigo nas minhas viagens. Consigo saber onde estão os bolos e hambúrgueres ali por perto, mas a fonte é genérica e não me permite saber fidedignamente se serão mesmo bons.
Mas pronto, como nem tudo são defeitos, há uma vantagem do GPS Tech que me dá um certo gozo utilizar e me permite entrar no mundo da fantasia. Troco a língua do dispositivo de português para espanhol, e a partir daí tudo muda de figura. Imagino uma artista porno sentada no banco ao lado, versão canal 18, e sigo recebendo indicações de uma voz sexy feminina: “Se hay calculado la rota”. “Ui ca bom”, penso eu mal me preparo para iniciar o trajecto. “En la segunda intersection, sigue al frente”, e lá sigo eu caminho, de sorriso no rosto e sempre respondendo com um “gracias chica”, ou com um “en la segunda sigo al frente? Oh, que placer”…
2 comentários:
RAG!!nesse dia a fome era muita...e em vez de sistema de navegação havia era um sistema de restauração e pastelaria..
GRANDE TEXTO, GOSTEI MUTO!!
ass: IGNORANTE ANONIMO
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