quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Prisão de Ventre

Após 30 anos de Salazarismo e de analfabetismo, vivemos finalmente numa época em que o cidadão comum tem acesso à educação em geral e à Literatura em particular, incluindo as sempre informativas e elucidativas fotonovelas, cuja actriz principal era uma jovem de nome Gina.

Temos acesso aos grandes autores, de Nietzsche a Mantorras (Livro Directo – Prime Books 2007), bem como a literatura altamente galardoada. Mas nem sempre o facto de a Literatura ser galardoada, significa que o prémio tenha sido pela qualidade da escrita, mas sim pela estranheza da publicação.

Pois bem. Os Prémios Diagram galardoam o livro mais excêntrico do ano. O prémio deste ano foi para: “Os funcionários dos correios rurais gregos e os seus números de carimbo."

Mas ao longo de 30 anos de existência foram premiados os livros mais bizarros e lembrei-me de partilhar alguns deles com V. Exas:

1978 – Acta dos Debates do 2º Encontro Internacional sobre Ratos Nus.
1979 – A dona de prostíbulo na qualidade de gerente empresarial: Gestão de carreira na Prostituição em Bordel
1980 – A Alegria dos Frangos.
1982 – A População e outros problemas. (Publicações Nacionais da China)
1985 – Crescimento natural do busto em toda a sua pujança. Como potenciar os 90% restantes do seu espírito para aumentar a dimensão dos seus seios.
1986 – Sadismo oral e personalidade vegetariana.
2003 – O Grande Livro das histórias equestres de lésbicas.
2004 – Trate o seu cavalo à prova de bombas.
2005 – Pessoas que não sabem que morreram: como se alojam em transeuntes inocentes e o que fazer.
2006 – Carrinhos de supermercados extraviados do nordeste dos EUA. Um guia de identificação no terreno.


Não há prisão de ventre…Há maus livros.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Super Embalagens

Provavelmente já todos passaram pela rotina de comprar aquele objecto desejado, e perderem pelo menos metade do entusiasmo de o adquirirem por terem de passar pelo ritual de abertura. Isso mesmo, refiro-me aos produtos selados com embalagens “blister” anti-roubo.

Ontem, após adquirir produtos selados com uma embalagem destas, sentei-me confortavelmente para a “cerimónia” e tentei pôr em prática alguns métodos de abertura que anteriormente funcionavam, só que as embalagens de ontem tinham características que acabaram por só ao fim de grandes esforços permitir aceder aos desejados (nessa altura já era algo tipo “ ’tão, tás bom?”) objectos.

Como tinha de comprar mais umas coisas, e ao olhar para os inúmeros pedaços das embalagens blister, ocorreu-me seguir uma linha de abordagem diferente e testar quem em principio dominaria a arte de lidar com estes monstrinhos. Pensei “hmmm, será que os gajos da loja sabem?”. Manhoso, eu sei…

Já na loja, e de produto na mão, lancei de forma “inocente” a questão para o ar:

- “…estas embalagens é que são sempre do piorio para abrir…” , e tal como eu esperava, o sorriso do empregado abriu-se (naquele estilo de quem sopra sobre as unhas, e pensa “agora vou-te mostrar quem sabe”)

- “Pois é, mas faz parte da componente de segurança dos produtos, sabe como é”. Lá saber disso eu sabia, mas o que eu pretendia era não ter de ser eu a passar pela tortura da abertura, como tal maliciosamente propus: “vocês devem dominar a abertura destas embalagens, dá para abrir esta?”. Sucesso.

Prontamente agarrou na embalagem e com as mãos começou a torcer o plástico, mas tal como era esperado apesar de se torcer mais que as acrobatas chinesas, a embalagem nem deu sinais de ceder à abertura. “Lindo show para uma tarde de segunda-feira”, pensei. “Há algumas que são mais difíceis de abrir…” retorquiu o empregado enquanto torcia a blister e principiava a ficar mais ruborizado.

Decidido, exibiu um x-acto e atacou com redobrada convicção a embalagem, mas só serviu para ao fim de uns cortes calculados partir a lâmina e quase se cortar a ele mesmo. Mantendo um ar de sapiência, restou-lhe devolver um “bem, não tenho aqui uma tesoura, mas em principio se cortar aqui e aqui isto abre logo…”. Em principio? Quer dizer eu compro mas posso eventualmente correr o risco de nunca aceder ao objecto na vida, tá bonito, se se lembram de selar papel higiénico nestas embalagens tou bem tramado…

Voltei a casa, e inconformado pesquisei acerca de possíveis soluções para esta praga hi-tech, e foi nesse momento que me deparei on-line com um elucidativo (não vale torcendo a boca começar a repetir os “n” termos caricatos do mesmo) técnico que demonstra as várias soluções para a abertura deste tipo de embalagens. Espero que vos seja útil, em prol de uma vida sem stress:

http://super.abril.com.br/videos/conteudo_videos_263952.shtml



Solicito que se alguém topar um larápio a gamar num supermercado, que por favor vá ter com ele pra indagar acerca de possíveis “advanced solutions” para a abertura destes cofres-fortes. É que como a bandidagem anda sempre mais à frente nestas coisas…


PS: Agora que ficou a dica vou só dar um saltinho ao CUF Descobertas pra ver se me cosem a perna a tempo. É que me empolguei tanto com a descrição do “expert” que apoiei a embalagem na perna, e quando dei por mim… o serrote já tinha passado o osso


segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Amigos

Os amigos são aqueles que pensam em nós. E a prova disso são os vários sms’s que vamos recebendo.

O último foi o seguinte:

“Vimos um sósia teu…mas..com Sida. Era igual a ti, mas com Sida e com uns Ray Ban.”

A amizade é linda, não?

Steinbeck

Não se fala de outra coisa: A crise. Subitamente abriu-se a Caixa de Pandora e a razão de todos os males do mundo é a Crise.

Tenho um furúnculo no ânus: É a crise.

Sofro de Diarreia Ininterrupta: É a crise.

Tenho cirrose: É a crise.

O meu hamster já não anda às volta na rodinha: É a crise.

A minha mulher traiu-me: Não é crise…é azar.

Mas o que as pessoas não se capacitam é que esta crise reflecte-se principalmente nos grandes Bancos que foram vítimas de contabilidades criativas e de alguns gestores com ordenados chorudos, também eles bastantes inventivos, no que toca a investimentos.

Pensando bem, o que aconteceu nessas entidades bancárias, não foge muito daquilo que aconteceu nas casas de muitos portugueses, que agora vivem o drama do endividamento. Tudo se resume a contabilidades criativas.

Bem sei que com os ordenados actuais, a poupança é uma ilusão, mas o que é que se espera quando as prioridades das famílias portuguesas estão nos plasmas, nas férias no Algarve, nos telemóveis e outros gadgets?

A crise não é de agora. É resultado de uma série de anos de má gestão dos rendimentos familiares e consumismo desmesurado.

Há dias, lia na revista Sábado sobre o caso de uma família portuguesa, que só em cartões de crédito devia 30 mil euros! Meus amigos… isto não é crise. Isto é sangria desenfreada.

Em 1952, John Steinbeck colocou na boca de um personagem a seguinte frase: “se continuar a vender a pronto nunca serei um homem rico”.

Nunca esteve tão certo.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Yin - Yááááiiing !!!



A concentração e capacidade de abstracção sempre foram factores que me atraíram nas artes marciais, quando praticava em mais novo era algo que gostava por tanto me permitir ficar absorto de tudo quer ir mais além na resistência e na toleração da dor.

Os gurus acerca dos quais lia na altura atingiam níveis incomparáveis, admirando-os por tais feitos e comprovando que a mente era capaz de mostrar o seu poder sobre a matéria, tal como quebrar pilhas infindáveis de tijolos sobre o ventre, deitar-se sobre lanças de samurai, ou por exemplo andar sobre pedras em brasa a beber saqué.

Nessa altura sabia por cá também haverem grandes gurus, mas a um nível mais contido daquilo que lá fora conhecia, por supostamente por lá estar mais enraizado nas culturas orientais. Até hoje.

Ontem na praia tive daquelas matinas salgadas que fazem com que após a limpeza da alma me sentasse somente a absorver o Sol e o astral ondulante, e foi nesse momento que uma travagem brusca me interrompeu o momento zen.

Saiu do carro um sujeito trajado de negro, no que à primeira vista me pareceu ser uma versão night-star/chuck-norris/macho-man. Desfilou na passadeira de madeira e estacou junto à beira do mar. Voltei ao meu momento zen mas por pouco tempo, pois breves instantes depois num pulo saltou para uma posição de combate/meditação.

Comecei então a observá-lo pela curiosidade e relação supracitada, e enquanto ele seguia um ritual de relaxamento e contracção dos membros fui recordando velhos tempos. Até que, num desses movimentos, ele rodou até conseguir ver-me de soslaio, naquela típica expressão de quem procura confirmar se
está a ser o centro das atenções. Pensei “pronto, afinal tá aqui um Bruce Lee, hehe”. Mal sabia eu que afinal teria uma revelação.

Prontamente começou a desferir socos técnicos, e pontapés mais ou menos bem conseguidos, até que aproveitando mais uma volta olhou novamente de soslaio e fez a “tal” cara. Dá dois passos rápidos, salta num pontapé rotativo, e termina a rotação no ar aterrando com os dois pés certinhos… nos picos dos arbustos que a maré cheia tinha deixado alinhadinhos à beira.

Um agudo “AAAAiii!!!” soou, mas num acto de concentração fantástico olhou rapidamente para mim com uma cara crispada de força (ainda pensei ser de dor), e sentou-se de uma forma meio composta e a exibir controlo, e foi aí que eu aprendi que também por cá a mente é mais forte que a matéria. Não imagino a dor controlada que devia por ali ir no tempo que levou até se sentar como se nada se passasse.

A mim, como humilde observador de tal demonstração, só me restou imediatamente levantar-me e desviando a cara acelerar o passo em direcção ao carro em estado de gargalhada interiormente desmedida.

Agora já posso afirmar que há ninjas em Portugal, ah pois é. E eu sei porque já vi um na Caparica.


PS: A sequência dos karatecas nos Açores não conta, porque além do barrote estar serrado, consta que antes deste quebrar se partiram 5 vértebras do mestre que levou com o barrote nas 4 primeiras tentativas do pupilo.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Lições

O êxodo rural é o termo que designa o abandono do campo pelos seus habitantes, que, em busca de melhores condições de vida, se transferem das regiões consideradas de menos condições de sustentabilidade para outras, podendo ocorrer de áreas rurais para centros urbanos e no caso particular deste meu amigo a migração deu-se da Quinta da Fonte da Prata para o Bairro de São Bento.

Desde sempre residente na periferia de um centro urbano (a Moita), este meu amigo, que iremos chamar de Sízar, cedo se confrontou com as dificuldades da vivência nos arredores.

A inexistência de uma Farmácia na sua área de residência, fez com que passasse os Invernos com ranho no nariz. Pela escassez de meios de transportes que o levassem para o centro urbano, as simples constipações invariavelmente transformavam-se em gripes. Todavia e mesmo que houvesse uma farmácia, visto que na sua área de residência não existir uma Caixa Multibanco, o ranho subsistia.

Sízar cresceu obcecado pela vida nos grandes centros. Era habitual vê-lo a atravessar um caminho normalmente utilizado pelos rebanhos de cabras para ir para se misturar com o que ele ambicionava ser: um Moitense.

A sua ascensão na pirâmide social é notável. Alguns anos depois abriu um estabelecimento nocturno na Moita que só teve o devido reconhecimento depois de um admirável habitante do centro urbano, (a que chamaremos Arístides) acordar em disponibilizar os seus préstimos para que o bar se desenvolvesse.

A sua ambição não parou de crescer, o que lhe fez com que a escalada social continuasse a progredir. Muda-se para São Bento, no centro de Lisboa, frequenta os sítios mais in, e quando lhe perguntam de onde é, nunca esquece as suas raízes…Responde sempre altivamente:

- Sou de São Bento!

Esta é uma lição para os miúdos…

Bom Apetite

Risoto de Galinha d'Angola

Ingredientes

GALINHA:

• 1 litro de água
• 400 ml de vinho branco
• 100 ml de vinagre de vinho branco
• 5 grãos de pimenta-do-reino branca
• 1/2 cebola picada
• 1 cravo
• 1 bouquet garni
• 150 g de cenoura em pedaços
• 100 g de aipo em pedaços
• 3 dentes de alho
• 80 g de cebola roxa picada (échalote)
• Sal a gosto

RISOTO:

• 500 g de arroz arbório ou carnaroli (italianos)
• Sal e pimenta-do-reino (moída na hora) a gosto
• 1 galinha-d'angola pequena, cozida e desfiada
• 1 cebola média cortada em tiras finas
• 120 ml de vinho branco seco
• Ervas frescas a gosto
• 2 colheres (sopa) de manteiga sem sal
• 1 cenoura média, cortada em cubinhos
• 100 ml de creme de leite
• Queijo parmesão ralado a gosto (opcional)

Prepare assim:

GALINHA:

• Junte todos os ingredientes e leve à fervura, junto com a galinha;
• Corte a ave em quatro, separando as coxas com sobrecoxas dos peitos;
• Cozinhe no courtbouillon (quantidade suficiente para cobrir a carne) até a carne se separar dos ossos (cerca de 1 hora e trinta minutos);
• Escorra a galinha, desfie, coe o caldo e reserve.

RISOTO:

• Refogue a cebola na manteiga até murchar. Coloque a cenoura, o arroz e um pouquinho de sal e pimenta. Mexa bem e adicione o vinho branco;
• Continue mexendo, até que o vinho evapore totalmente;
• Coloque a galinha, e vá adicionando o caldo reservado, durante todo o cozimento;
• Quando o grão estiver "al dente" e a mistura ainda úmida, acrescente as ervas picadas (alecrim, tomilho, salsa) e o creme de leite, mexendo por cerca de 2 minutos;
• Desligue o fogo, coloque um pouco de manteiga e parmesão ralado;
• Sirva imediatamente.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Mr. e Mrs. Smith

A adopção de uma criança é provavelmente um dos gestos mais altruistas que um ser humano pode ter em relação a outro. Congrega a possibilidade de oferecer uma vida melhor a uma criança (ou adulto, mas já lá iremos…) e proporcionar, a casais que por motivos biológicos não têm a possibilidade ter filhos, de desfrutar da beleza da paternidade/maternidade.

Todavia, em Portugal, o processo de adopção é quase tão extenuante como subir ao Evereste, a não ser que tenham sido protagonistas do filme “Mr. e Mrs. Smith” ou sejam a intérprete do “Like a Virgin”.

Um dos problemas tem que ver com um conceito omnipresente na nossa sociedade, que serve apenas para acentuar a lentidão de um processo já de si…lento: A Burocracia. Posto isto, a ideia de projectar o futuro é utópica. Primeiro as reuniões na Segurança Social, depois as reuniões na casa dos adoptantes, no sentido de verificar se reúnem as condições de vida necessárias para o adoptado e depois a passagem para a Lista de Espera.

Ai a Lista de Espera…

Mas, este moroso processo, pode traduzir-se numa panóplia de vantagens, que passarei a enumerar:

Na altura em que a criança chegar, já não fará Birras;

Na altura em que a criança chegar, já não chorará de noite impedindo os pais de dormir;

Na altura em que o adoptado chegar, os pais já não terão de mudar fraldas malcheirosas;

Na altura em que o adoptado chegar, já será adulto;

Na altura em que o adoptado chegar, já não se gastará dinheiro em livros escolares;

Na altura em que o adoptado chegar, vai logo trabalhar para ajudar os pais a fazerem face à sempre em voga Crise;

Para adoptar não basta apenas amor e (boa-) vontade, há que saber esperar…e muito.



Para a Bubu...

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Estrangeirismos

Diariamente utilizamos palavras, às quais damos o nome de estrangeirismos, sem sequer pensar na origem das mesmas. São palavras que fazem parte do nosso vocabulário e nos facilitam a comunicação. Por norma, estas palavras não têm o equivalente morfológico na Língua Portuguesa e algumas delas são palavras que são criadas na sequência de alguma descoberta/invenção ou investigação (etc.) de alguém e que acaba por, posteriormente, personificar o feito.

Mas a questão que coloco, é de que maneira afectaria a nossa comunicação se estas descoberta/invenção ou investigação (etc.), fossem feitas por portugueses?

Consideremos os exemplos no campo da Física:
  • O Watt é unidade para a potência e recebeu o nome de James Watt.

  • O Ampere é uma unidade de medida usada para medir a intensidade de uma corrente eléctrica cujo nome foi uma homenagem André-Marie Ampere.

  • O Hertz é a unidade frequência, a qual é expressa em termos de oscilações. A unidade é nomeada em homenagem ao físico alemão Heinrich Rudolf Hertz.

  • Volt é a unidade de tensão eléctrica, a qual denomina o potencial de transmissão de energia, por carga eléctrica. Foi baptizada em honra ao físico italiano Alessandro Volta.

    Agora, imaginemos que todas estas investigações tivessem sido feitas por Portugueses Iluminados e reparem na forma como falaríamos.
Em vez de Watt – Oliveira: “Eh pá quitei o meu Fiat Punto com um subwoofer de 1100 Oliveiras de potência.”

Em vez de Ampere - Silva: “Ouve lá não estás interessado em comprar uma máquina de soldar baratinha? Tem 160 Silvas…”

Em vez de Hertz – Custódio: “Cada microondas possui um magnetrão, um tubo em que os electrões são afectados pelo campo eléctrico magnético de maneira a produzir uma radiação com um micro comprimento de ondas, cerca 2450 Mega Custódios.”

Em vez de Volt – Eustáquio – “Perigo! Linhas de Alta Eustaquiagem.”

Curioso, não?

domingo, 12 de outubro de 2008

Às compras no Chiado.

“Sou lindo como Brad Pitt, tenho o charme do Pierce Brosnan e a minha melhor característica é ser possuidor da eloquência do Professor Marcelo Rebelo de Sousa.”

Não, não estou a falar de mim, mas de um espécime com que cruzei, numa loja no Chiado.

O episódio teve lugar na passada sexta-feira. Enquanto escolhia umas peças de roupa, cruzo-me com um tipo que, sozinho, também ele procurava adquirir uns trapos. É importante fazer a descrição do cavalheiro para que o possam visualizar.

O indivíduo trajava umas calças de pinças, cujo último exemplar terá sido manufacturado por alturas da Guerra Fria e que se encontravam sensivelmente abaixo das axilas; uns sapatos tão pontiagudos e reluzentes que consegui ver os meus pontos negros à distancia de 2,5 m (e o meu tom de pele não é propriamente claro) e uma t-shirt de alças pretas, com os vestígios de um desodorizante mais descuidado.

Nisto, toca o seu telemóvel. Ele pára subitamente, olha para o telemóvel e solta para quem quisesse ouvir: “Dass! O Grelo não me larga!”

Olhei, incrédulo, para o senhor e ele sorriu com cara de:

“Sou lindo como Brad Pitt, tenho o charme do Pierce Brosnan e a minha melhor característica é ser possuidor da eloquência do Professor Marcelo Rebelo de Sousa.”

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

No poupar é que está o ganho.

O Banco Best lançou esta terça-feira, o depósito “McCain/Obama”, com prazo indexado às eleições dos Estados Unidos da América que permite ao cliente, de acordo com a sua previsão, aplicar o seu dinheiro no depósito McCain ou no depósito Obama.

A rentabilidade deste produto é variável de acordo com o resultado das eleições presidenciais norte-americanas. O candidato vencedor garante 8% e o candidato vencido 2%.

Consideremos este cenário à realidade do Zimbabwe ou da Venezuela. Se uma instituição financeira desses países optasse por colocar no mercado tal produto, seria aquilo a que os americanos diziam (Sim! Porque da maneira como os Bancos andam a fechar lá para as bandas do Tio Sam, já não dizem…diziam): That’s money in the Bank!

Com processos eleitorais completamente democráticos e magnânimos, as possibilidades de obter um rendimento extra na subscrição de um depósito a prazo seriam quase certas, até porque investir em activos mobiliários é mais perigoso que passear em Pamplona vestido de vermelho, em dia de encierro.

Por isso, como o Sr. Mugabe e o Sr. Chavez são leitores assíduos deste espaço, aconselho-os a ponderarem uma reunião com os Banqueiros dos seus países no sentido implementarem estratégias de poupança junto dos seus eleitores.

O montante mínimo de subscrição seriam 10 berlindes, um pião, um pau e dois elásticos porque a inflação… está pela hora da morte.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Small Time Crooks

Tendo em conta o actual clima de (in) segurança que abrange o nosso país (que actualmente até incita à abertura de negócios no ramo da ourivesaria e gasolineiras) o nosso sistema penal não podia estar mais actualizado e preocupado com o bem-estar de alguns indivíduos que pretendem melhorar a sua condição financeira à custa…de terceiros.

Como prova disso, uma procuradora do Ministério Público de Sintra ordenou que fossem libertados com a medida de coacção mais leve, isto é, termo de identidade e residência, três cadastrados de um gang considerado perigoso foram detidos na segunda-feira por posse de um arsenal de armas proibidas, por suspeitas de carjacking e de um assalto a uma ourivesaria.

Pois bem, de acordo com o artigo 42º do Código Penal a execução da pena prisão visa defender a sociedade destes ambiciosos e impedir que o suspeito continue a perpetrar ilegalidades.

Mas neste caso não! O suspeito é um tipo cumpridor dos seus deveres cívicos, Coleccionador e connaisseur de armas, amante de jóias e de carros que alta cilindrada, logo, a medida de coação é a mais apropriada, pois ele não representa qualquer perigo para a sociedade.

Sou apologista desta medida, pois os verdadeiros Bandidos são aqueles que roubam queijo ralado num mini-mercado de provincia, que roubam os rebuçados nos estabelecimentos comerciais que os disponibilizam gratuitamente, os Gatunos, que levam para casa sem autorização os lápis e a respectiva fita métrica do Ikea.

Esses pelintras deviam ir todos presos!

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Diário de Maria em Alta Definição

“A revolução não será televisionada" disse Gil Scott-Heron, eu Alcides Estrela digo, “A estupidificação será televisionada…e em horário nobre.” Refiro-me, obviamente, ao programa Toda a Verdade.

Se pensávamos que o lixo televisivo tinha atingido o seu ponto mais elevado com os programas de voyeurismo em massa como os Big Brothers, nas suas mais variadas versões, eis que chega um programa que pretende elevar ainda mais os níveis de imbecilidade que a Televisão pode proporcionar.

As estações televisivas vivem de audiências e nada como ouvirmos ilustres desconhecidos, a troco dinheiro, confessarem a ausência de princípios, valores e referências. É triste ver pessoas confessarem coisas absolutamente absurdas a troco de dinheiro. Estarão assim tão desesperadas? Será um objectivo pessoal aparecer na Televisão e ter os famosos 15 minutos de fama (ainda que através de confissões de violência doméstica, entre outras coisas)?

Houve um programa que teve 1.2 Milhões de telespectadores! O tal do homem de Gondomar que aldrabava os clientes do seu estabelecimento comercial, com uma balança duvidosa.

É o ópio do povo. O nosso Diário de Maria em Alta Definição.

Acho que chegámos a um ponto em qualquer dia teremos um programa, também em horário nobre, onde se aprende a roubar, a matar, a enganar as autoridades, a fugir ao fisco, a ser corrupto, a abusar sexualmente menores…

Chego à conclusão que esse programa já existe…Chama-se Telejornal.

domingo, 5 de outubro de 2008

37 Dias Depois

Passam precisamente 37 dias desde que não publico qualquer texto neste blogue. Este período sabático deveu à mudança de residência que fiz de Campo de Ourique para a Graça. No fundo tratou-se de um regresso a casa…

O processo de mudança de residência é indissociável de uma deslocação a uma grande superfície, de seu nome Ikea. Da última vez que lá tinha estado (também num processo de mudança de residência) demorei perto de seis horas. Agora, bem ao estilo de Usain Bolt estabeleci um recorde mundial. Trata-se do Record- do- Mundo -de –Ida- às- Compras –ao- Ikea-com-a-Namorada ou Esposa. Fiz o tempo de 1h15min. E este magnífico tempo contempla também o jantar nas instalações. O segredo chama-se catálogo.

Também indissociável de uma ida ao Ikea é a consequente montagem dos móveis. Confesso que não sou um tipo com jeito para a bricolage. Cheguei a esta conclusão pouco tempo depois de ter completado dois anos de idade, quando me ofereciam legos para montar e também por me sobrarem peças na montagem de móveis do Ikea.

Durante este tempo que não escrevi, muito se passou…Houve um casal de namorados que alterou o seu estado civil de solteiro para casado (que forma mais estranha de não dizer casamento) e que contra tudo e todos celebraram a Lua-de-mel num país à beira de uma Guerra Civil.

Durante este tempo em que não escrevi houve mais uma Festa da Moita, com os habituais estados de ebriedade, a Tarde do Fogareiro, com Engenheiros Aeroespaciais a figurarem na lista dos mais ébrios.

Descobri também que apenas na Festa da Moita surgem alter-egos: Telma que vira Tatiana, Diogo vira Diamantino, Tiago que vira Ti Toino, David (não o Pai do Miúdo Ruivo) que vira Raimundo e o principal astro desta arte de “Transformismo”: a sempre espectacular Marlene, que desta teve uma aparição mais comedida, ainda assim espectacular.

A Moita esteve ao Rubro.

Durante este tempo que não escrevi, nasceu a Madalena. Uma delícia. Uma menina que já desperta as atenções dos homens mais velhos da cidade do Montijo, que não dispensam um passeio pelo Shopping, com o intuito de observarem atentamente a amamentação de um bebé, na esperança de reactivarem a actividade de zonas do corpo inertes há décadas.

Durante este tempo que não escrevi, descobri que o meu amigo que sofre de estrabismo tem tendência para entradas em estabelecimentos nocturnos de qualidade duvidosa. Descobri também que ter unhas de gel pode ser nocivo ao nosso desenvolvimento cerebral e levar-nos à dislexia.

Durante este tempo que não escrevi descobri que há mais gente a ver o Preço Certo do que pensava.

Muito se passou, mas agora escreverei mais amiúde.

Até amanhã.