sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Tenho corrimento vaginal e falo disso à vontade!

As salas de espera das urgências hospitalares podem ser locais onde podemos sempre socializar. As delongas podem-se prolongar e nada melhor trocarmos dois dedos de conversa com um perfeito estranho.

Habitualmente, as conversas cingem-se às maleitas que nos assolam. É comum ouvirmos nas salas de esperas conversas, sobre quispos nos ovários, úrsulas nervosas e endocuspias feitas há pouco tempo. Mas ontem a situação foi diferente. Estava com a minha Bicha no Hospital da Cuf para uma consulta normal de ginecologia. Tendo em conta a área da Medicina em questão, presumia eu, novato nestas matérias, que as senhoras que povoam estes espaços, por uma questão de pudor, se coibiam de falar sobre o motivo que as leva ao médico.

Errado!

Ontem na sala de espera fui surpreendido. Para além da minha Bicha, havia mais uma senhora na sala de espera. Falávamos de um fait-divers qualquer e somos interrompidos por esta senhora que resolveu participar na conversa. Entre as trivialidades discutidas, somos surpreendidos por uma exposição pormenorizada dos problemas que aquela pobre senhora já tinha sido vítima.

Foram utilizadas expressões como: “tinha a vagina inchada”, “estive no consultório toda despida de perna aberta e o médico foi-se embora” e “tinha um corrimento…assim acastanhado”…

Perdeu-se toda a noção do decoro.

Estava eu pronto para dar a conhecer a uma ilustre desconhecida aquilo que não sei sobre Lógica Binária, que me tinha sido explicada minutos antes por um Engenheiro paciente, no sentido de quebrar o gelo e fazer conversa de sala de espera e eis que sou surpreendido com informações sobre a cor e textura do corrimento vaginal.

Tabus…O que é isso?

1 comentário:

David disse...

E não falou do odor?

Se calhar é porque é mais difícil de explicar. Ou será que podemos considerar a saída do médico como uma das melhores descrições de odor?