A história que se segue, ainda hoje tem repercussões na forma como eu levo a minha vida social, pois continuo a ser alvo de piadas sarcásticas por parte dos meus amigos que conhecem o episódio. Não obstante, quero que quem leia estas linhas possa também fazer as mesmas piadas sarcásticas. Contudo, faço um pequeno reparo antes de iniciar a narração: se a nossa sociedade encarasse a libertação de gases do nosso corpo da mesma forma como encara os soluços, o sucedido não passaria de isso mesmo: um soluço banal…mas não…foi uma quantidade insignificante de metano que saiu inadvertidamente do meu corpo, cruz que terei carregar até ao fim dos meus dias.
Pois bem, aconteceu na altura da minha puberdade, na fase da mudança de voz, em que a sonoridade das palavras que saíam da minha boca alternavam entre a voz do Barry White e a voz do guarda-redes da selecção nacional, o Ricardo. Estávamos na casa do meu amigo Agente da Autoridade e assistíamos concentradíssimos, à 17ª exibição do filme Força Destruidora, com o magnifico Jean Claude Van Dame. Na sala, estava também a D. Bárbara, a mãe do Agente da Autoridade, senhora de elevado sentido de humor, que marcou a minha infância.
Devido à ingestão de tortas da Dan Cake e sumos Tang, a meio do filme, o meu corpo começa a produzir uns sons que até então desconhecia. Começo a ficar preocupado, pois não sabia até que ponto é que conseguiria controlar tais ruídos. O pessoal começa a olhar-me de lado, mas eu nunca tirei os olhos da televisão, como se os barulhos estivessem a ser feitos por outra pessoa.
Nisto, sinto uma corrente de ar que me desce pela tripa abaixo e pensei: “Pronto, é o meu fim! Não consigo encurralar este! Vai sair e está aqui a mãe dele. Que vergonha!” Mas num esforço físico intenso, aperto os glúteos com toda a minha força, contraindo-me contra o sofá, numa tentativa de vencer a aragem pelo sufoco. Por esta altura, transpirava e não parava de me mexer, fingindo que o filme me causava inquietação. Como já tínhamos visto por diversas vezes o filme, o pessoal não percebia o motivo do desassossego.
A luta contra o meu intestino continuava, os glúteos começam a mostrar cansaço. Era uma luta desigual e os coitados não tiveram forças para impedir que o gás fosse libertado…
Julgando que ninguém iria ouvir, deixo escapar um (quase) inaudível “Tchuiimm”. Passam-se alguns nanosegundos e penso: “Ufa…ninguém ouviu..!” É então que se insurge a mãe do Agente da Autoridade que diz num jeito muito característico: “Já quem fez tchuiimm?”
A resposta estava na minha transpiração e sorriso amarelo. Mandaram-me para a varanda arejar e controlar as incursões das aragens do meu intestino. Se o acto de corar fosse notório na minha tez, estaria mais vermelho que um tomate.
Ainda hoje, quando oiço este episódio fico vermelho.
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
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6 comentários:
Não foi bem um soluço banal, foi mais um soluço anal...
Morri a rir!!!
Abração!
Já n há respeito... levantavas o cu do sofá e ias á varanda...
Realmente...
Kiss
Eu tentei..mas não fui a tempo..Para quê o preconceiro..e se fosse um soluço? Como o Duarte diz..RAG
As tortas Dan Cake e os sumos Tang têm este efeito em ti?
Bolas!!
E quando comes uma feijoada como é?
É a festa do buzinão!!!!
Frida
Eu é que ia para a varanda depois do teu quase inaudível "tchuimmm"!! Normalmente os que vêm de pantufas não enganam o olfacto!! Rag!
É sempre bom ouvir as tuas histórias nem que seja pela milionésima vez! Acabo sempre a rir à gargalhada!
Beijinhos
sinalética... muito à frente !
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